Patrícia C. Roseiro - Psicóloga Clínica - Dialógicos
Pouco se fala sobre a possibilidade de elogiar e muitos de nós sentimo-nos constrangidos de cada vez que alguém nos oferece um.
Em tempos, um paciente relatava como se tinha dado conta, após alguns elogios feitos espontaneamente por uma rapariga com quem se encontrava a ter as primeiras conversas, que nas relações conjugais anteriores, nunca tinha sido elogiado. Com medo de ser visto como a pessoa que não é, esclarecia: "eu não ando aí à espera que me valorizem pelo que eu faço, mas dei-me conta que aquele elogio teve um impacto mesmo forte! Soube-me bem. Ao mesmo tempo, foi estranho dar-me conta que sabia bem e que não conhecia essa sensação neste tipo de relação..."
Quando colocamos em palavras algo que reconhecemos no outro, validamo-lo. Não apenas no sentido da valorização, mas também da validação, da confirmação da sua existência e do reconhecimento da sua individualidade. Aí, a relação assume vectores mais reais, de reciprocidade, não apenas de inferências ou entregas unidireccinais.
É nesse reconhecimento do outro que todos crescemos, sem competição, e onde todos podemos ser e existir, cada um com as suas especificidades.
PATRÍCIA C ROSEIRO
Psicóloga Clínica
Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde
OPP – 6403
Texto integrado na Rúbrica Ver.Sentir.Reflectir - Novembro 2025